A tireoidite de Hashimoto é uma doença autoimune crônica na qual o sistema imunológico ataca a glândula tireoide, levando à sua inflamação e, ao longo do tempo, à destruição progressiva das células tireoidianas. Portanto, como consequência, pode ocorrer o hipotireoidismo, uma condição na qual a tireoide não consegue produzir hormônios em quantidades suficientes.
Atualmente, não há um tratamento capaz de impedir a progressão da tireoidite de Hashimoto, pois a doença está relacionada a um ataque do próprio sistema imunológico contra a tireoide. No entanto, existem formas eficazes de controlar seus efeitos e melhorar a qualidade de vida dos pacientes.
Neste artigo, vamos então explorar por que ainda não existe um tratamento para interromper a doença, quais são as opções terapêuticas disponíveis e o que a ciência tem investigado sobre intervenções precoces.
Destaques deste artigo:
- A tireoidite de Hashimoto não tem cura, mas médicos tratam o hipotireoidismo com reposição hormonal.
- O uso de imunossupressores não é eficaz para interromper a progressão da doença.
- Corticoides não são recomendados devido à falta de eficácia e ao risco de efeitos colaterais.
- Estudos analisam o papel do selênio e da vitamina D, mas os resultados ainda são inconclusivos.
- Manter um estilo de vida saudável pode contribuir para o bem-estar geral, mas não impede a progressão da doença.
Por que não há um tratamento para impedir a progressão da tireoidite de Hashimoto?
A tireoidite de Hashimoto contudo é uma doença autoimune complexa. Isso então significa que o próprio sistema imunológico ataca erroneamente a tireoide, levando à sua inflamação e destruição progressiva. Porém, existem alguns fatores que explicam por que ainda não há um tratamento para interromper esse processo:
1. A natureza autoimune da doença
O corpo de uma pessoa com tireoidite de Hashimoto produz anticorpos contra a tireoide, como os anti-TPO e os anti-tireoglobulina. Assim, esses anticorpos causam inflamação e danos à glândula, reduzindo sua capacidade de produzir hormônios. Infelizmente, ainda não há um medicamento que consiga bloquear esse processo sem comprometer o funcionamento normal do sistema imunológico.
2. Imunossupressores não são eficazes
Os imunossupressores reduzem a atividade do sistema imunológico, sendo essenciais no tratamento de doenças autoimunes e prevenção de rejeição em transplantes. No entanto, eles não mostraram eficácia na tireoidite de Hashimoto. Além disso, seu uso pode trazer efeitos colaterais graves, como maior risco de infecções.
3. Sintomas podem demorar a aparecer
Muitas pessoas com tireoidite de Hashimoto não apresentam sintomas nos estágios iniciais da doença, mesmo tendo altos níveis de anticorpos. Isso dificulta intervenções precoces, pois o diagnóstico geralmente ocorre apenas quando o hipotireoidismo já se instalou.
Tratamento atual: foco no controle do hipotireoidismo
Embora não exista um tratamento para impedir a progressão da tireoidite de Hashimoto, o hipotireoidismo que ela causa pode ser efetivamente tratado.
Terapia de reposição hormonal com levotiroxina
A levotiroxina (T4) é um hormônio sintético que substitui o hormônio que a tireoide não consegue mais produzir. Esse tratamento é considerado seguro e eficaz para normalizar os níveis hormonais e aliviar os sintomas do hipotireoidismo, como:
- Fadiga
- Ganho de peso sem explicação
- Depressão e alterações de humor
- Sensação de frio excessivo
Quando tomada na dose correta, a levotiroxina mantém os níveis hormonais equilibrados e evita complicações decorrentes do hipotireoidismo.
Possibilidades de prevenção ou intervenção precoce em estudo
A ciência tem buscado alternativas para modular a resposta imunológica e proteger a função da tireoide. Embora nenhuma dessas abordagens tenha demonstrado impedir a progressão da doença, algumas pesquisas sugerem benefícios potenciais.
1. Selênio e redução de anticorpos
O selênio é um mineral essencial para o funcionamento da tireoide. Alguns estudos indicam que sua suplementação pode reduzir os níveis de anticorpos anti-TPO em pessoas com tireoidite de Hashimoto. No entanto, os efeitos são modestos e não impedem a progressão da doença.
📌 Estudo: Wichman J, Winther KH, Bonnema SJ, Hegedüs L. Thyroid, 2016.
2. Vitamina D e doenças autoimunes
Pesquisas sugerem que a deficiência de vitamina D pode estar relacionada ao desenvolvimento de doenças autoimunes, incluindo a tireoidite de Hashimoto. No entanto, não há evidências concretas de que a suplementação previna a progressão da doença.
📌 Estudo: Bizzaro G, Shoenfeld Y. Immunol Res, 2015.
3. Modulação do estilo de vida
Embora uma alimentação equilibrada, controle do estresse e prática regular de exercícios sejam essenciais para a saúde geral, esses fatores não demonstraram impedir a destruição da tireoide na tireoidite de Hashimoto. No entanto, manter um estilo de vida saudável pode melhorar o bem-estar geral e ajudar no controle dos sintomas.
O uso de corticoides na tireoidite de Hashimoto é recomendado?
Os corticoides (corticosteroides) são medicamentos usados para reduzir inflamações e tratar algumas doenças autoimunes. No entanto, não são indicados para a tireoidite de Hashimoto. Veja os motivos:
- Não impedem a destruição da tireoide – A doença progride lentamente e os corticoides não conseguem reverter esse processo.
- Não reduzem os níveis de anticorpos – Os autoanticorpos continuam atacando a tireoide mesmo com o uso dos corticoides.
- Possuem efeitos colaterais – O uso prolongado pode causar osteoporose, ganho de peso, hipertensão, diabetes e risco aumentado de infecções.
📌 Referência: Weetman AP. Eur J Endocrinol, 2003.
Conclusão
Atualmente, não há um tratamento capaz de impedir a progressão da tireoidite de Hashimoto. A abordagem terapêutica se concentra no monitoramento da função tireoidiana e na reposição hormonal com levotiroxina, quando necessário.
Embora algumas estratégias, como suplementação com selênio e vitamina D, sejam estudadas, ainda não existem evidências de que possam modificar o curso da doença.
O mais importante é realizar um acompanhamento regular com um endocrinologista, para garantir um controle adequado da condição e manter a qualidade de vida.
📢 Se você tem tireoidite de Hashimoto ou sintomas de hipotireoidismo, consulte um endocrinologista para uma avaliação detalhada!