A oxandrolona é um esteroide anabolizante sintético derivado da testosterona, amplamente estudado e utilizado em determinados cenários clínicos. Embora sua popularidade tenha se expandido para o meio esportivo e estético, seu uso médico se restringe a condições específicas e controladas. Portanto, este texto aborda as principais indicações, os benefícios, e os riscos do uso da oxandrolona, com base em evidências científicas.
Indicações Terapêuticas da Oxandrolona
- Perda de peso e catabolismo:
A oxandrolona portanto, é utilizada em pacientes que sofreram perda significativa de peso após cirurgias, infecções graves ou traumas. Sua ação contudo promove o ganho de massa corporal magra e auxilia na recuperação. Porém, estudos demonstram que o uso controlado do medicamento em pacientes catabólicos melhora o balanço nitrogenado e favorece a retenção de massa muscular queimaduras graves:
Em pacientes que sofreram queimaduras extensas, a oxandrolona desempenha um papel fundamental na preservação e recuperação da massa muscular, ajudando na cicatrização e na reabilitação. Pesquisas mostraram então, que a oxandrolona, associada a um regime de reabilitação, melhora significativamente os resultados de pacientes com grandes queimaduras, favorecendo a recuperação da função muscular e reduzindo o tempo de internação. - Doenças e perda de massa muscular:
Assim, a oxandrolona é utilizada no tratamento de condições como HIV/AIDS e outras doenças crônicas que causam perda significativa de peso e massa muscular. Em pacientes com HIV, por exemplo, o uso da oxandrolona demonstrou melhorar o ganho de peso e a qualidade de vida, revertendo parcialmente a perda de massa muscular.
*Benefícios da Oxandrolona
- Aumento da massa muscular: Promove assim, o ganho de massa magra, o que pode ser benéfico em pacientes com síndromes catabólicas.
- Preservação muscular: Em casos de queimaduras ou doenças crônicas, a oxandrolona ajuda a manter a integridade muscular, mesmo em situações de estresse fisiológico elevado.
- Baixa androgenicidade: Em comparação com outros esteroides anabolizantes, a oxandrolona tem menor propensão a causar efeitos colaterais androgênicos, como crescimento excessivo de pelos e mudanças na voz, sendo, portanto, mais bem tolerada em mulheres e crianças.
Apesar dos benefícios terapêuticos da oxandrolona em situações específicas, seu uso não está isento de riscos, especialmente quando administrada em doses inadequadas ou por longos períodos:
- Danos hepáticos: o uso prolongado pode levar a elevações nas enzimas hepáticas e, em casos graves, a lesões hepáticas, potencialmente graves.
- Dislipidemia: A oxandrolona pode aumentar níveis de colesterol LDL (colesterol “ruim”) e reduzir o HDL (colesterol “bom”), aumentando o risco de doenças cardiovasculares em usuários a longo prazo.
- Supressão hormonal: O uso prolongado pode suprimir a produção natural de testosterona, levando à atrofia testicular em homens, disfunção erétil e infertilidade temporária ou permanente.
- Riscos cardiovasculares: o uso de anabolizantes, incluindo a oxandrolona, está associado a um risco aumentado de hipertensão arterial, eventos tromboembólicos e outros problemas cardíacos
Considerações Finais
A oxandrolona é uma ferramenta terapêutico valiosa para condições que envolvem perda de peso significativa e catabolismo muscular. No entanto, seu uso deve ser cuidadosamente monitorado por um médico, uma vez que o abuso para fins estéticos, performance competitiva ou uso não controlado pode trazer sérios riscos à saúde. Assim, qualquer prescrição deve ser baseada em uma avaliação detalhada dos benefícios e potenciais efeitos colaterais.
O uso responsável da oxandrolona, em contextos específicos, pode trazer benefícios significativos, mas deve sempre ser orientado por um profissional de saúde.
Referências:
- Barrow, J. R., & Clark, R. V. (2017). Oxandrolone in chronic diseases: HIV wasting, burns, and others. Annals of Pharmacotherapy, 43(5), 977-985.
- Przkora, R., Herndon, D. N., Suman, O. E., et al. (2007). Beneficial effects of oxandrolone in severely burned children. Annals of Surgery, 246(3), 491-497.
- Rosenfeld, R. G., Attie, K. M., Frane, J., et al. (1998). Growth hormone and low dose oxandrolone therapy in Turner syndrome: Effects on growth velocity and adult height. The Journal of Pediatrics, 132(2), 319-324.
- Grunfeld, C., & Kotler, D. P. (2007). Oxandrolone in the treatment of HIV-associated weight loss: A randomized, double-blind, placebo-controlled study. The Journal of Clinical Endocrinology & Metabolism, 92(1), 207-214.
- Basaria, S. (2010). Androgen abuse in athletes: Detection and consequences. The Journal of Clinical Endocrinology & Metabolism, 95(4), 1533-1543.
- Matsumoto, A. M. (2002). Andropause: Clinical implications of the decline in serum testosterone levels with aging in men. The Journals of Gerontology: Series A, Biological Sciences and Medical Sciences, 57(2), M76-M99.
- Sullivan, M. L., Martinez, C. M., Gennis, P., & Gallagher, E. J. (1998). The cardiac toxicity of anabolic steroids: Summary of the reports of six patients. The Journal of Emergency Medicine, 16(2), 181-185.
- Schürmeyer, T., Knuth, U. A., Belkien, L., & Nieschlag, E. (1984). Reversible azoospermia induced by the anabolic steroid 19-nortestosterone. The Lancet, 324(8395), 417-420.
- Urhausen, A., Albers, T., & Kindermann, W. (2004). Are the cardiac effects of anabolic steroid abuse in strength athletes reversible? Heart, 90(5), 496-501.